No estado de São Paulo, várias tribos indígenas eram nômades ou migrantes para o interior do país devido à chegada dos portugueses que se instalaram primeiramente no litoral. Mais tarde, com os bandeirantes em busca de ouro, muitos indígenas foram aprisionados e outros fugiram para locais de difícil acesso, como no caso da localização de Campos do Jordão. Aqui, Puris, Caetés, Guarulhos e Cataguás deixaram registros de sua existência com machadinhas, pilões etc. Existem relatos já de 1530 na narrativa de Antônio Knivet da expedição de Martin Corrêa de Sá e, em 1918, o Sr. Dino Godoy afirmou avistado no Pico do Itapeva famílias indígenas inteiras.
História de Campos do Jordão – Vila Abernéssia – 1930 |
O primeiro homem branco a reparar nas belezas das terras, que hoje fazem parte da cidade de Campos do Jordão, foi o sertanista Gaspar Vaz da Cunha, o Oyaguara, Jaguará ou Jaguaré – Cão Bravio na língua indígena, em 1703, motivado pelo sonho de enriquecer com o ouro das minas de Itajiba. Já em 1771, outro sertanista, Ignácio Caetano Vieira de Carvalho, mineiro de Rio das Mortes, vindo de Taubaté, seguiu a trilha dos desbravadores e, encantado com a região, estabeleceu residência com sua família, construindo a Fazenda Bom Sucesso. Ignácio, por requerimento ao governador da Capitania de São Paulo, recebeu a posse da sesmaria, o que gerou conflito com o seu vizinho da Fazenda Campinho, João da Costa Manso, que lutava para anexar suas terras a Minas Gerais.
Cabe aqui uma explicação de como nossos territórios eram disputados pelas capitanias de São Paulo e Minas Gerais. Campos do Jordão é uma cidade limítrofe com Minas e naquela época já possuía a Fazenda da Guarda, pois, durante o Ciclo do Ouro, a região era um local fácil para tráfico do metal pelos seus tortuosos caminhos, por isso da instalação de um Posto Fiscal.
Os paulistas, principalmente os pindamonhangabenses, subiam a serra armados com seus trabucos para impedirem a invasão dos mineiros nessas terras. A disputa ficou tão feia que em 1803 o capitão-mor instalou a Guarda do Capivari a fim de defender o território e também tirar uma faia da Mantiqueira mineira.
Com o falecimento de Ignácio em 1823, suas posses foram hipotecadas e posteriormente alienadas para o Brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão, em 1825. Pela proximidade da data da “escritura” com o natal, as terras foram chamadas de Fazenda Natal e, mais tarde, apelidadas de Campos do Jordão, dando origem ao nome da cidade.
Em 29 de abril de 1874, data da fundação da cidade, Matheus da Costa Pinto, fazendeiro de Pindamonhangaba, arrematou alguns lotes de Jordão à beira do rio Imbiri e deu início à construção de um vilarejo. Construiu uma vendinha, uma capela chamada de São Matheus do Imbiri, uma pensão para “respirantes” (tísicos), uma pousada e uma escola, motivos pelo qual foi considerado fundador da cidade. O vilarejo logo se tornou Vila de São Matheus do Imbiri. Por seu espírito humanitário e coletivo, Matheus é lembrado por todos os jordanenses com grande orgulho.
Vila Jaguaribe – 1939 |
Domingos José Nogueira Jaguaribe, médico, político, escritor e fundador do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, interessou-se pela região, que já ganhara notoriedade e, em 1891, comprou boa parte das terras de Matheus da Costa Pinto. Então, dividiu em lotes para venda, nos quais foram construídos pensões e hotéis para receberem doentes da tuberculose e do alcoolismo. Em 1918, a vila passou a ser chamada de Vila do Jaguaribe, em homenagem ao morador que trouxe progressos para o local.
Abernéssia, famoso bairro que hoje abriga diversas atrações turísticas, igrejas, lojas e avenidas, teve início com a vinda de um escocês, o engenheiro Robert John Reid, que, por volta de 1907, foi nomeado agrimensor na ação judicial de divisão da Fazenda Natal. Recebeu, como pagamento pelos seus serviços, uma vasta área de terras na região.
Além de fazer diversas doações a particulares e ao poder público, Reid participou da construção da Usina Hidrelétrica “Evangelina Faria Jordão” e criou, em 1921, a Empresa Elétrica de Campos do Jordão, entre outros feitos que trouxeram progresso para o local, como as construções do Chynema Jandira, da Igreja Matriz e da Casa Paroquial. Em 1915, Vila Nova passou a ser chamada de Vila Abernéssia, nome da chácara em que Reid viveu, como homenagem ao morador ilustre. O nome Abernéssia foi criado pelo próprio Reid, fazendo alusão às cidades escocesas Aberdeen e Inverness.
Com a compra da Estrada de Ferro de Campos do Jordão, o Embaixador José Carlos de Macedo Soares comprou as terras de Emílio Ribas e Victor Godinho e montou a Companhia Melhoramentos de Campos do Jordão e fez um loteamento chamado de Vila Capivari, por estar localizado às margens do rio de mesmo nome. Neste local foram construídas moradias de grandes industriais e comerciantes. Pelo seu charme, a Vila recebeu em 1953 o 1° Congresso Nacional de Turismo, “marco do turismo nacional, germe da criação da EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo” (Pedro Paulo Filho).
Em 19 de junho de 1934, a vila se emancipou de São Bento do Sapucaí, tornando-se o Município de Campos do Jordão e, em 30 de novembro de 1944, foi criada a sua Comarca.
Santa Casa
As pessoas que vinham para se tratar da tuberculose ficavam encantadas com a beleza do lugar e seu clima chamou a atenção dos empresários que entenderam o potencial turístico da cidade e começaram a investir em hotéis de grande porte. Também os corretores teriam clientela garantida para a venda de lotes para casas. As vilas Capivari e Inglesa foram as escolhidas para os empreendimentos. Já na década de 1940, o Governador Adhemar de Barros, assíduo frequentador da cidade, transformou Campos do Jordão em Estância Turística, ampliando exponencialmente a transformação para o que hoje é reconhecido como um dos principais destinos turísticos do Brasil.
Brigadeiro Jordão
“era amigo do Imperador D. Pedro I e fez parte do Governo Provisório. Naquela época, foi incluído entre os 10 maiores proprietários de terras da Província de São Paulo, chegando a ser diretor do Tesouro da Província. Alguns historiadores localizam-no no famoso quadro de Pedro Américo, alusivo ao Grito do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, quando este subia a Serra de Santos. Ademais, o local da Proclamação da Independência do Brasil, no Ipiranga, ficava na Fazenda Palmeiras, de propriedade do brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão. “
Fonte: Livro “Campos do Jordão a Jóia da Mantiqueira” – Pedro Paulo Filho
Fonte: Cidade de Cultura
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